Saiu hoje uma entrevista relâmpago comigo no site do Yahoo!
Tá aqui o link e aqui na sequência a entrevista!
Valheo Nathália, valheo Pedro Keppler!
foto por Samelo!
Pedro Keppler*/Especial para BR Press
(BR Press) - Desenhista compulsivo, como é comumente descrito, Felipe "Mottilaa" Motta é contratado agora pela Lakai Brasil, filial da marca de skate californiana. O artista já foi responsável por projetos gráficos para Marcelo D2, B Negão, De Leve e A Filial.
Em 2004, criou o personagem de Seu Jorge para animação do clipe de Cotidiano, que venceu o VMB naquele ano.
A seguir, "Mottila" fala à BR Press sobre seu trabalho.
Diz-se que seu trabalho tem forte relação com a cultura skate e a música. Quais os pontos desses dois que mais o influenciam? Como aplica essa influências no desenho?
Felipe Motta - Ganhei meu primeiro skate com uns 10 anos de idade e um pouco depois disso comecei a desenvolver um gosto musical mais próprio. Skate e música sempre andaram juntos pra mim e, apesar de eu não tocar nenhum instrumento, música é combustível pro meu trabalho. Sendo skatista desde moleque e estando sempre com música nos ouvidos, esses elementos passaram – mesmo que involutariamente – a serem inspirações-chave pro meu trabalho. E quando eu gosto de alguma coisa, eu faço questão de elogiar. Nessa, eu acabo fazendo um monte de amizades, muitas vezes com pessoas que sou fã e que acabo ficando amigo de verdade. Então, para mim, é um privilégio trabalhar com artistas que eu admiro e com skate, além de usar o que faço pra somar!
Você usa diversas superfícies para desenhar – lixas de skate, muros, paredes e até banheiro público. Sobre qual você mais gosta de trabalhar? Por quê?
Felipe Motta - Cada caso é um caso. Do mesmo jeito que um pincel com nanquim não combina com a lixa, spray não combina com papel. Muita gente pergunta se o que faço no computador, por exemplo, eu traço a mão antes. Muitas vezes não. Cada situação pede uma técnica, uma abordagem. Eu sou desenhista compulsivo, se tiver alguma coisa que risque e algum lugar pra riscar, eu estou lá rabiscando. Muitas vezes sem nem pensar no que estou fazendo! Acho que tenho medo que a mão gangrene! (Risos)
Geralmente, você cria personagens em seus desenhos, no lugar de, como se costuma fazer, por exemplo, criar um padrão. Comente sobre isso, essa idéia de uma iconografia ao contrário de uma decoração.
Felipe Motta - Eu sou fissurado com o que vejo nas ruas, nas pessoas que a gente encontra andando por aí. Eu adoro padronagens, ver as casas dos subúrbios do Rio, por exemplo, é muito inspirador. Mas o que mais me chama a atenção são mesmo os personagens e o comportamento humano. Os caras que tem mais estilo na real acabam sendo os que menos pensam em ter estilo. Estou morando em Copa, no Rio, e é um zoológico! quanta figura solta pelas ruas! Assim, meu trabalho artístico acaba sempre caindo pra esse lado do escrachado, não tem jeito! Eu sou assim e é minha sina, ah!
Ano passado você participou de uma mostra de arte urbana na Daslu. Como enxerga a relação arte urbana (pública) em um dos mais privados espaços de São Paulo? A arte de rua faz sentido fora da rua?
Felipe Motta - Acho que a arte da rua faz sentido num espaço interno principalmente se você olhar pela questão do intercâmbio entre culturas que muitas vezes são invisíveis para alguns. Com certeza muitas freqüentadoras da Daslu nunca nem tinham prestado a mínima atenção em uma obra de arte ´urbana´ e, pelo simples fato de ter ali o ´aval´ da Daslu, elas perceberam aquilo, de alguma maneira. Pode ser que nunca mais venham a se deparar com aquilo novamente, pode ser que alguma se torne uma fissurada pelo assunto. Nunca se sabe. Até o fato de várias pessoas que nunca cogitaram entrar na Daslu terem conhecido o lugar, também é legal. Aconteceram algumas ´desmistificações´ lá que podem gerar frutos.
